Azorrague


Azorrague pode ser sinônimo de açoite, espécie de chicote, ou látego, usado para a aplicação de flagelo em condenados. Na Roma antiga ele era também um instrumento de tortura comum, usado pelos soldados, para supliciar os condenados. Ele era composto por oito tiras de couro que, em cada ponta, possuía um instrumento pérfuro-cortante, ou um pedaço de osso de carneiro. Tinha seu uso aplicado como pena subsidiária, nalguns casos, onde o condenado à morte deveria ser antes objeto do castigo público.

Este instrumento aparece nas mãos de Jesus conforme conta o evangelho de João onde Jesus trança um azorrague para com ele expulsar os cambistas do templo. É interessante o que diz o texto bíblico: “Então ele fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo” (João 2.15).

O texto chama atenção para o fato de que o próprio Jesus fez para si um azorrague. Percebe-se que Jesus primeiro toma consciência do que estava ocorrendo no templo, e então ele dedicou um tempo trançando um açoite antes de expulsar aqueles homens que inflacionavam a Fé. Não se sabe exatamente o que passava pela mente de Jesus naquele momento, mas creio que enquanto ele trançava seu azorrague, provavelmente ele meditava em tudo aquilo que seus olhos viram acontecendo no templo, e interiormente se indignava com aquela situação.

Particularmente creio que foi assim com Jesus, pois atualmente também constatamos comportamentos absurdos entre o povo de Deus, e por isso vou entrelaçando essas palavras e frases tal como as tiras de um azorrague, enquanto medito na realidade que meus olhos vêem e interiormente também me revolto contra o atual comércio da fé.

O motivo pelo qual Jesus expulsou tais comerciantes do templo foi porque eles inflacionavam a fé, uma vez que se aproveitando da necessidade que os judeus tinham de oferecer sacrifícios, eles formavam um sistema de monopólio e colocavam altos valores nos produtos, causando assim opressão, empobrecimento de muitos, e exclusão, pois desta forma os pobres não poderiam ofertar a Deus.

Com isso também se observa que milênios antes da implantação da sociedade capitalista no mundo ocidental, este espírito ganancioso, o qual visa o lucro pela exploração do homem, este espírito capitalista sempre esteve presente no mundo.
Entretanto sabe-se que pela lei de Moisés era permitido aos judeus comprar e vender na área do templo, porque nem sempre o animal para o sacrifício chegaria em boas condições para ser oferecido no altar (Deuteronômio 14.24-26).

Por isso o que foi confrontado por Jesus, não foi o comércio em si, mas os cambistas ou mercadores que inflacionavam o preço dos produtos a serviço da fé. Por exemplo, se um estrangeiro ou judeu, no norte do país, vendia localmente suas ovelhas e o cereal, pois o caminho era demasiadamente longo, e esperava comprar os mesmos produtos para ofertá-los pelo mesmo preço em Jerusalém. Nota-se que perante o mercado do templo de Jerusalém ele não podia oferecer o que a Deus pertencia, pois os cambistas aumentavam demasiadamente o preço dos produtos; E o resultado imediato disso era a exclusão, pois se esta pessoa não tivesse condições de arcar com a diferença, ela então ficaria de fora e não poderia adorar a Deus como era costume naquela época. E Jesus percebendo este comércio injusto, se indignou, pois os que estavam ali negociando haviam perdido o respeito à fé, e queriam apenas enriquecer.

Hoje tem muita gente lucrando com o evangelho. Cachês de pregadores, cantores e até farra de dinheiro público para realizar shows.

Está chegando a hora do AZORRAGUE !

“Então ele fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo” (João 2.15).

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